sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Cadeira de Balanço*


Seus ternos olhos de uma senhora de seus 86 anos ainda estavam vívidos e brilhantes. Estava agora sentada na varanda de sua casa em sua valiosa cadeira de balanço. Ah, fora ali que aprendera a fazer o seu primeiro bordado e que dera pela primeira vez mama ao seu primogênito, todavia agora o seu velho assento a arrancava da realidade e fazia-lhe devanear com seu doce embalo. Cada seqüência uma esperança de voltar no tempo, de reviver tudo que vivera com intensidade.

domingo, 22 de maio de 2011

Em busca de si mesma* (Continuação)


Nunca sentira tantas dores como estava sentindo agora, era como se todo o seu corpo tivesse machucado, cada pedacinho dele. Sua boca estava amarga e não conseguia proferir uma única palavra, precisava de um pouco de água para tirar a secura que encontravam-se os seus lábios. Não sabia onde estava e nem como fora parar ali. Seus olhos ainda não estavam preparados para a luz que encontrou quando os entreabriu tentando situar-se. Também não estava preparada para o baque que tivera quando os seus olhos se acostumaram com a claridade do local.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Boca Profana*

Boca rósea, provocante.
Pronta para o beijo,
Mata-a de bel-prazer.

Boca com dentes alvos que te mordem,
Te machucam,
Te riem.

sábado, 14 de maio de 2011

Em busca de si mesma*


E ela andava sem rumo, sem caminho certo. Nada ouvia, nada sentia, nada enxergava pela frente. Em certo momento ouviu apenas o uivo do vento, fino, gélido, confortante. Olhou para suas vestes que não passava de um velho vestido rasgado que não matava-lhe o frio do dia, que ora ela não sentia. Nada calçava nos pés, admirava as brocas que encontravam-se fundas neles, mas olhava como quem nada via. Não podia sentir mais dor, pois nenhuma se aproximava daquela que carregava dentro do peito, este estava pesado como nunca estivera, um peso que guardava os seus anseios que ela não mais sustentava.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Olhos que me veem*

E esses olhos me veem
de tão próximos que encontram-se,
de tão penetrantes que me leem à alma.

E esses olhos que me veem
observam o peso que carrego,
que de tão pesado
curva-me, me contorce.

sábado, 7 de maio de 2011

Maré, Me Silencia



E ela busca o silencio dentro de si, todavia só encontra sentimentos em turbilhão, em algazarra.
Nada a abranda, nem o mar que brinca em seus olhos com ondas sem sossego, sem descanso, sempre indo e vindo.