A Dama de Vermelho que coloriu o sertão*

Caminhando sobre pregos, pé por pé, colocando sempre um a frente do outro. Seu sangue de um vermelho tinto respingava no chão e deixava o seu rastro, manchando a terra árida de vermelho, tingindo-a. Naquele sertão escaldante o seu sangue coloria aquele lugar pálido e por isso ela andava, sua motivação, queria colorir o mundo até que não restasse uma gota sequer, uma vida sequer, a sua própria.

Em certo momento das passadas, titubeou e caiu, mas com um sorriso sincero no rosto e olhos felizes. Daquele dia em diante caíram as primeiras gotas de muita chuva e a terra dantes árida tornou-se fértil e naquele mesmo lugar nasceram rosas, que são as rosas vermelhas do sertão. Ao lado do roseiral encontra-se uma placa quase ofuscada pelas belas flores e nela está escrito: ‘Aqui jaz “A Dama de Vermelho que coloriu o sertão”, 1971 – 1996. Quem por aqui passar sentirá a paz que aqui habita e irá respirar amor. Assim como ela espalhe coisas boas, pinte a sua vida, torne-a ainda mais bela até que não haja mais uma vida sequer, a sua própria.’