Olhos que me veem*

E esses olhos me veem

de tão próximos que encontram-se,

de tão penetrantes que me leem à alma.

E esses olhos que me veem

observam o peso que carrego,

que de tão pesado

curva-me, me contorce.

São olhos grandes e vulneráveis.

São olhos de gato, felinos, de menino.

São prudentes, quentes, me enlevam e me alquebram.

E esses olhos que me veem já não são os mesmos,

De tudo que viu se apiedou, tanto sofrimento que tomou para si.

Antes frios, agora, uma lágrima teimosa desce, me aquece.

E aqueles olhos que me veem

só notam agora amor.

Da lágrima que dantes descera germinou uma flor

e ela tu me presenteia recebendo como troca um sorriso,

sorriso que reflete em teus olhos,

olhos esses que me veem.