sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Caderno Primário



Quando ela era pequena desenhava
Muitas flores, muitas, muitas
E as pintava de todas as cores imagináveis

Lilás, rosa, amarelo, (...)

Os seus caules de marrom

As suas folhas de verde

E sem querer pintou um sorriso meio torto

Depois casas, o céu azul, pássaros a voar e árvores com muitos frutos

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Um Café a Meia-Noite





Nenhuma luz acesa
Nenhum barulho na cidade
Mas vejo luzes afora
Ah, se eu tivesse um café quente para apreciar
Quente como o teu sorriso


Então preparo o café
Enquanto isso vejo a vida passar, assim,
Devagar

quinta-feira, 30 de junho de 2016

A Rocha



 Lá estava ela, a rocha
Sempre no mesmo lugar
Fazia chuva, sol, neblina, mas ela estava lá, sempre lá

Ana tinha 7, 8, 9 anos
 E ela via as mudanças acontecerem em si mesma
Mas nada acontecia com a rocha
Talvez um pequeno desgaste natural com o tempo,
Mais nada
Todavia isso a incomodava

Ela ia brincar
Subia na rocha, sentava na rocha
E os anos a passar

Agora com 20
Aquilo ainda a incomodava
Até para a “dura” pedra era necessário mudar

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Interior



Ela não sabia se olhava para a cidade ou para o seu interior
Porquanto ele estava seco, não havia vegetação, uma água sequer, uma gota sequer

E a cisterna era profunda, tão profunda, que podia ver as rachaduras
Nas quais nascia uma flor, sim, uma flor amarela solitária

A viu e a esperança ressurgiu

A partir daquele dia, ela ia molhá-la com um pouco d’água em todas as tardes
Tinha sede, mas dividia
Tinha fome, mas de companhia
E a flor tornou-se a sua expectativa de vida, de chuva

domingo, 10 de abril de 2016

Não seja uma Flor...


A Ana olha através da janela
E observa a chuva incessante cair
Não há uma folha sequer, uma flor sequer, uma cor sequer
Todas no chão

Esse inverno insiste em seu coração

No passado Ela foi flor, a sua flor
Mas ela sabe, ah, se sabe, que é preciso que algumas pétalas caiam para que a flor renove-se