domingo, 27 de novembro de 2011

O Invisível e o Branco*



Unidos por um amor impossível
Entre o Invisível e o Branco.

O Branco amava-o por não poder tocá-lo, ouvi-lo, senti-lo.
Não havia discussões, pesar, decepções, eram a paz um do outro.

O Invisível amava-o por poder pintá-lo na cor que quisesse,
E tornava-o sempre belo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Obrigada!!!

        Queridos leitores, hoje é um dia especial, cheguei aos 300, hahaha, aos 300 seguidores, agora 301. Queria muito agradecê-los de todo coração, de verdade, nunca imaginei que meu blog iria tão longe, sério, muito emocionante, mesmo. Esse é o meu cantinho encantado, sinto-me bem aqui e melhor ainda por saber que o que escrevo chega a tantas pessoas, e espero que chegue no coração de vocês e traga sentimentos bons, todo escritor sonha com isso.
          Então, meus queridos, fiz esse humilde selo em homenagem a vocês, muito obrigada, obrigada sempre.

Beijo no coração, 
sucesso para todos.

domingo, 13 de novembro de 2011

Barco Hiante'


Ah, tu és o meu barco, sim,
Àquele hiante.
Mas eu nado, feito peixe, a encontrar-te.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Eagle*


Quando era pequena, mas pequenina mesmo, queria ter uma águia e a tive, podem acreditar, pregada em meus braços.
Sempre a via longe, muito longe, voando sempre alto, cada vez mais alto, e meus olhos sempre perdiam-se na sua direção. Penas preciosas que cintilavam instigantes como estrelas, e era estrela, brilhando lá do alto, do alto da montanha. O seu canto me encantava mais do que qualquer cantoria, quando ouvia-a rodopiava e bailava no quintal da minha casa, meu castelo. Nesses momentos sentia-me a voar, a voar consigo doce águia e as minhas tardes tornavam-se mais belas. 

sábado, 29 de outubro de 2011

Sim, eu Te Amo*

A Elisa um dia foi tua.
Sua inocência de menina com trejeitos de mulher,
seus beijos mais doces que encerravam-se em olhares preciosos, àqueles que discorriam mais do que mil palavras poderiam descrever,
e o amor mais puro que um coração poderia abrigar;
foram seus, somente seus.
Todavia a tua Elisa foi-se embora
no acordar de um novo dia,
sem ao menos dizer-lhe adeus.

Ah, coração vazio que se instalou.

domingo, 16 de outubro de 2011

Elisa*


E cada dia que passa mais nos afastamos do que fomos um dia: crianças.
Elisa andava, andava sempre em busca de si. Aos 19 anos decidiu partir. Arrumou sua mochila, tudo que tinha e o que precisa estava ali: um casaco velho, dois CDs, um de Beatles e outro de Bon Jovi, seu cd portátil e alguns poucos dólares na carteira, todavia seus sonhos pesavam mais que tudo que continha ali. Hoje ela conta com seus 28 anos, pois é meus queridos leitores nove anos passaram tão célere como o sopro de um sorriso e Elisa não podia está mais feliz com o que havia transcorrido nesses anos.
 Após sair de casa, foi para a estação mais próxima parando no primeiro terminal - Boa noite, uma passagem, por favor, para o primeiro trem que sair que leve-me pra bem longe daqui. O atendente fez uma expressão que entendia o que estava se passando com ela, como se aquilo acontecesse normalmente por ali. – São sete dólares. Após pagar, ele entregou-lhe a passagem e sem ao menos olhar pra onde ia, amassou-a e colocou-a no bolso de sua calça jeans surrada. Sorriu como forma de agradecimento, seguindo então para o embarque onde o “seu trem” já esperava. Entrou, sentou e fechando os olhos, rezou. – Querido Deus, te peço que eu esteja fazendo a coisa mais certa que nunca fiz, sim, essa será a primeira de muitas, tenho certeza. Quando abriu os olhos o trem já seguia o seu destino; qualquer lugar. Colocou o cd do Bon Jovi e dormiu, sonhando com um futuro próximo, talvez com a felicidade, se merecesse.
Quando acordou o trem já estava desacelerando o seu ritmo, não se sabia se era apenas uma parada ou se era o seu destino final, por isso ela esperou e observou que todos desceram não restando mais ninguém, e ela ali sozinha sem saber pra onde ir, qual seria o próximo ponto, contudor o trem seguiu viajem mais uma vez. Dessa vez ela estava atenta a tudo que se passava lá fora. Observava encantada a linda paisagem que se apresentava diante dos seus olhos e via nuvens de todas as formas, até que uma chamou-lhe a atenção: a sua forma era de uma criança sorrindo com os braços abertos como se lhe pedisse um abraço, sentiu-se abraçada. E enlevada ponderava como os habitantes daquele habitat eram felizes. Pássaros de todas as cores voavam livres e podia ouvir os seus cantos através do barulho que o trem perpetrava, e assim ficou a observar a beleza da natureza. Ah, como queria voar e viver livre, de si própria.
Oo trem parou com um solavanco. Agora ela observava-o partir sem nenhum pesar no coração, sentia-se leve como pluma como há muito tempo não se sentia. Ele  foi-se deixando pra trás a única passageira que restava e a ela restava apenas o que foi ou o que tentava de todas formas não mais ser, ela mesma.
 Respirou aquele ar e sentiu-se em casa, sorriu em meio a barafunda que ali se instalava. Seguiu, sempre em frente, rente, até que viu um grande cartaz com os dizeres: Procura-se garçonete com experiência. Era o seu dia de sorte, e pensando nisso foi atrás de seu futuro que estava mais próximo do que imaginava.

sábado, 15 de outubro de 2011

O Boneco de Neve*



O inverno chegou... dentro de mim
Devastando-me com a sua solidão
Que marcha tão irrequieta
Assolando o seu frio aqui

sábado, 8 de outubro de 2011

A Dama Rubra*


Teus lábios doces e vermelhos
Que pousam na minha boca, àquela profana,
Tocam-me fundo,
No mais profundo que a alma pode chegar.

Sim, teus doces lábios me chamam, me clamam, me abusam, me usam.
Sujam-me com o vermelho do seu fogo;
 De seus beijos de veludo.

domingo, 2 de outubro de 2011

O Último Adeus'



Somente ela ainda encontrava-se ali com a última rosa pregada ao peito. A chuva misturava-se com suas lágrimas e o vácuo incitado pela perene nostalgia atormentava-a, fomentava-a. Se fosse franca consigo mesma diria que viveu de saudade e morrerá a seu gosto.
Tantas súplicas para que não fosses embora, contudo tu ias sempre com aquele meio sorriso, metade seu, metade meu, sem nunca olhar pra trás. E enquanto o esperava a promessa de sua volta a aquecia nas noites vazias.

sábado, 24 de setembro de 2011

O Último Raio de Sol*


Há dias que ela sentia-se seguida, grandes olhos azuis poderosos a perscrutavam, indagavam-na.
Numa manhã fria de setembro ela corria contra o tempo, estava atrasada, perdeu o ônibus das 07:00 h e por isso preferiu ir andando a ter que esperar o próximo que só passava às 08:00 h. Apertou bem o casaco, pois fazia muito frio e seguiu o seu percurso. Em certo ponto do caminho sua mente estava em burburinho, perdida em pensamentos, atravessou a rua sem olhar para os dois lados e por pouco não morreu atropelada. A causa de ela não ter morrido eram aqueles grandes olhos que a dominavam. A morte era menos ameaçadora diante daquela visão, diante daquele olhar escarnecedor. Ele foi-se embora a passos largos sem nada dizer-lhe. Chegou ao trabalho ainda no horário, sentou-se em sua mesa, ligou o computador e começou a trabalhar sem comentar o ocorrido para ninguém, era melhor assim.

Desculpem-me!

Queridos leitores, desculpem-me a ausência, mas ultimamente tenho apresentado certa dificuldade em escrever, falta de inspiração mesmo, na verdade isso nunca foi peculiaridade minha, pois desde pequena escrevia qualquer coisa, mas escrevia. Se eu for mais longe ainda direi que tenho estado assim desde o falecimento do meu Pai, mas essa é a vida. No entanto não culpo somente a falta de inspiração, mas também a falta de tempo, esse semestre as coisas estão complicando-se ainda mais, muita coisa para estudar, trabalho ... e por isso estou falhando comigo mesma, pois escrever, descrever o que sinto, faz parte de mim... sou eu. Mas é isso, em alguns segundos vocês terão postagem nova, espero que gostem.

Com carinho,
Juliana.

sábado, 10 de setembro de 2011

Pedras no Caminho*



Havia muitas pedras, pedras no caminho
Nelas muitos tropeçavam e caíam
Poucos levantavam-se

Havia muitas pedras, pedras no caminho
Que tornavam a queda dolorosa
Marcava com profundas feridas e não cicatrizava

domingo, 28 de agosto de 2011

A Dama de Vermelho que coloriu o sertão*


Caminhando sobre pregos, pé por pé, colocando sempre um a frente do outro. Seu sangue de um vermelho tinto respingava no chão e deixava o seu rastro, manchando a terra árida de vermelho, tingindo-a. Naquele sertão escaldante o seu sangue coloria aquele lugar pálido e por isso ela andava, sua motivação, queria colorir o mundo até que não restasse uma gota sequer, uma vida sequer, a sua própria.

sábado, 20 de agosto de 2011

E a noite silencia*


Olhos perdidos que buscam os teus no silêncio da noite que se prolonga.
Deitados na cama,
mãos nas mãos que abraçam-se,
dedos nos dedos que entrelaçam-se,
toques vagos.

sábado, 13 de agosto de 2011

A história de Andy* - II

Andy fora socorrida por paramédicos de plantão e levada a emergência.  Enxergava somente a escuridão, seus olhos estavam borrados por uma grande mancha preta que ofuscava a sua visão. Seu corpo esguio foi jogado em uma maca e levado as pressas para uma ala qualquer, podia reconhecer agora algumas vozes preocupadas que falavam de uma forma ininteligível, indecifrável, mas as vozes foram desaparecendo aos poucos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A história de Andy*

Ela pegou o trem das 22:00 h e depois de uma hora e meia em pé chegou em casa, entrou e olhou a sua caixa postal e nela havia algumas mensagens, apertou o botão para ouvi-las e enquanto isso deitou em seu velho sofá desgastado pelo tempo colocando as suas longas pernas para cima e ouviu-as. A primeira mensagem era a sua mãe – Filhota, entra em contato comigo, mamãe está com saudade, passe aqui para tomar aquele caldo de galinha que você tanto gosta. Te amo.

sábado, 30 de julho de 2011

Palavras Incompreendidas*

Palavras soltas, uma vez incompreendidas, veladas ao vento. Fizeram-se eterno buraco n’alma e aprofundou-se com o tempo, corroeu e tornou-se planta a partir da semente, essas tuas palavras. Brotam de um modo brando, contudo rapidamente dilacera com o som estridente da voz enunciada para assim fazerem-se:
Confusas, abstrusas, indigestas.
- Ah, por que tu não escreves ao invés de proferi-las a mim?
- Mas assim seria formalizado tudo que dirijo a ti e tu iria conservá-las, as minhas palavras, para si.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Cantiga da Morte*

Um certo homem apanha a sua viola, toca-a, mas sem ritmo, sem rima, sem canção.
E aquele eco sem nexo chega aos ouvidos da vizinhança que tenta dormir, ali todos dormem cedo, jantam cedo e precisamente às 21:00 h de todas as noites o silêncio predomina, nem o barulho do vento se ouve, até aquela noite de um ano qualquer.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Homenagem ao meu Pai!

Queridos leitores, hoje estarei postando de uma forma que vocês não estão acostumados. É um desabafo. Infelizmente o meu pai faleceu nesse sábado, 02 de Julho, e estou sentindo uma dor que é impossível exprimir com palavras.
Meu pai estava muito jovem, tinha apenas 48 anos e tinha, ainda, uma longa vida pela frente, mas a vontade de Deus é superior as nossas vontades e agora meu Pai não encontra-se mais nesse mundo. O mundo em que ele encontra-se agora é um mundo cheio de paz, sem violência, lá as pessoas são melhores, só existem sentimentos bons, não há rancor ou ódio.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Os sonhos da Rainha Ester'


Ela procurava uma paz que não existia, um recanto, um casulo, um povoado, mas a quietude que buscava seria sempre uma mera referência aquilo que intentava. Deveria ser a paz de espírito de muitos, mas como poderia se ela própria não podia dar-se essa paz? Era rainha, não entendia porque assim deveria ser. Não sentia-se digna para tal encargo e nunca fizera por merecer.

sábado, 18 de junho de 2011

O Amor dos dias atuais'


Olhos nos olhos, pupilas dilatam-se.
Seguidos por boca na boca que se beijam,
Se corrompem,
se provam.

sábado, 11 de junho de 2011

'Keep The Faith"

Aqueles pés descalços tocam a areia fina que atrita sua pele, está andando. Há um tempo atrás ele era cadeirante, durante vinte e cinco longo anos. Viu o mundo passar sobre rodas, ia de norte a sul, de leste a oeste, tinha rumo certo. Todas as manhãs de segunda a domingo acordava por volta das 04:30 h da manhã para o seu costumeiro roteiro. Já era conhecido da vizinhança, quando passava via inúmeras mãos a acenar-lhe.

sábado, 4 de junho de 2011

Símbolo do Adeus*



Tuas mãos, àquelas extremosas
Que tanto a alentavam
Que seguravam-na e a trazia para si 
Que confortava-a com o seu toque
São aquelas mãos que agora dão adeus

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Cadeira de Balanço*


Seus ternos olhos de uma senhora de seus 86 anos ainda estavam vívidos e brilhantes. Estava agora sentada na varanda de sua casa em sua valiosa cadeira de balanço. Ah, fora ali que aprendera a fazer o seu primeiro bordado e que dera pela primeira vez mama ao seu primogênito, todavia agora o seu velho assento a arrancava da realidade e fazia-lhe devanear com seu doce embalo. Cada seqüência uma esperança de voltar no tempo, de reviver tudo que vivera com intensidade.

domingo, 22 de maio de 2011

Em busca de si mesma* (Continuação)


Nunca sentira tantas dores como estava sentindo agora, era como se todo o seu corpo tivesse machucado, cada pedacinho dele. Sua boca estava amarga e não conseguia proferir uma única palavra, precisava de um pouco de água para tirar a secura que encontravam-se os seus lábios. Não sabia onde estava e nem como fora parar ali. Seus olhos ainda não estavam preparados para a luz que encontrou quando os entreabriu tentando situar-se. Também não estava preparada para o baque que tivera quando os seus olhos se acostumaram com a claridade do local.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Boca Profana*

Boca rósea, provocante.
Pronta para o beijo,
Mata-a de bel-prazer.

Boca com dentes alvos que te mordem,
Te machucam,
Te riem.

sábado, 14 de maio de 2011

Em busca de si mesma*


E ela andava sem rumo, sem caminho certo. Nada ouvia, nada sentia, nada enxergava pela frente. Em certo momento ouviu apenas o uivo do vento, fino, gélido, confortante. Olhou para suas vestes que não passava de um velho vestido rasgado que não matava-lhe o frio do dia, que ora ela não sentia. Nada calçava nos pés, admirava as brocas que encontravam-se fundas neles, mas olhava como quem nada via. Não podia sentir mais dor, pois nenhuma se aproximava daquela que carregava dentro do peito, este estava pesado como nunca estivera, um peso que guardava os seus anseios que ela não mais sustentava.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Olhos que me veem*

E esses olhos me veem
de tão próximos que encontram-se,
de tão penetrantes que me leem à alma.

E esses olhos que me veem
observam o peso que carrego,
que de tão pesado
curva-me, me contorce.

sábado, 7 de maio de 2011

Maré, Me Silencia



E ela busca o silencio dentro de si, todavia só encontra sentimentos em turbilhão, em algazarra.
Nada a abranda, nem o mar que brinca em seus olhos com ondas sem sossego, sem descanso, sempre indo e vindo.

sábado, 30 de abril de 2011

Era ela a onipotência*



E ela tinha aquela fragrância que a nada se assemelhava. Uma mistura de cheiro de pele, de suor, de feminilidade, era simplesmente o seu cheiro, sua essência. Era um perfume sem precisar de um próprio para usá-lo, porque o aroma que emanava de sua pele foi o mais suave olor que ele já sentira, estava embriagado.
Ela por sua própria imagem já era êxtase para os olhos de homens embasbacados com a sua beleza exótica, mas o seu cheiro criava neles asas e os interpunham a ter sonhos com ela, sonhos em que porventura tocavam a sua pele, roubando o seu cheiro que ficava em suas mãos e em suas roupas, deixando-os sufocados.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Céu e Inferno*


E quando seus olhos sobre mim repousar não sabereis mais distinguir o que é céu e inferno.
Porque só tu me elevas e me rebaixa.
Me acende e me apaga,
Chama-me e em seguida me rejeita.
Só na cama que tu me amas.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Oh, Mundo Cruel!


Quem olhar os meus olhos agora não verá seu brilho intenso, apenas verá o rastro do que fora um dia a vivacidade contida neles. E eu não posso deixar a tristeza levar para o fundo do mar a minha essência, de tão profundo que já não sei mais quem sou. Oh mundo cruel!

sábado, 16 de abril de 2011

A menina que não tinha história*


E ela fora uma menina que não tivera história. Na época que estudava na escolinha sempre sentava-se sozinha porque nunca tinha história para contar aos seus amiguinhos. E em todas as segundas-feiras os seus coleguinhas de classe reuniam-se na hora do recreio todos falando ao mesmo tempo o que fizeram no final de semana, maior algazarra.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Fel na boca*


E a tua boca tem aquela docilidade que não se encontra na mais delicada fruta.
E quanto mais os meus lábios provam dos teus, do teu sabor,
Mais sinto-me hipnotizada, eletrizada por você.
São seus beijos, beijos que atormentam.
Fazem-me cambalear, sem saber pra onde ir, mas no fim o caminho sempre me leva até você
Visto que eu sinto de longe o teu cheiro, a tua essência
Mesmo que tu sejas profano, indecente, descrente, imponente.
Mas os teus beijos, sim, os teus, somente os teus fazem-me sentir assim.
E tu me torturas, me provocas, me acende, me prende
E depois manda-me ir pra casa, agora, com gosto amargo, fel na boca.

sábado, 9 de abril de 2011

A música de nós dois*


Ela estava agora ouvindo aquela música, rememorando. Já havia passado tanto tempo. Lembrou-se do sorriso feliz dele quando ela colocava a música que acalentava a alma dos dois, e aquela canção tinha o dom de os fazerem cantar, e cantavam alto, cantavam a música deles. Tão minha quanto sua, ela era deles, pensava ela. E estavam no carro dele ouvindo-a, sentindo-a. Olhavam-se com olhos de amor como se aquela fosse a primeira vez que eles se viam.  E para ela depois de tanto tempo ao ouvir aquela música outra vez  era como se ela  estivesse no mesmo lugar em que eles encontravam-se no passado e observasse os dois dentro do velho carro dele ouvindo a música de ambos. Ela olhava triste, no presente, o sorriso deles que morrera, nunca mais vira aquele brilho em seus olhos que dantes nada ofuscava e agora apagado estava. Onde foi que se perderam? Onde os nossos sonhos ficaram, será que pararam no tempo? Ou se apagaram de nossa memória? Gostaria de saber se eles se perderam da memória de ambos, pegaram um desvio, mas não se sabia, impossível saber. Mas ela estava petrificada a observar-lhes, ao ver o que fora antes. Seu cabelo mudara, seu modo de vestir, sua maneira de falar, já não era a mesma, o que acontecera? Onde ela pode ter errado? Não sabia se era triste ou feliz, mas ainda prendia a respiração ao ouvir aquela música, a música de nós dois que a levara de volta ao passado. Por uma fração de segundos ela pensou em ir até lá onde eles se encontravam e dizer pra ela: não mude. Mas sabia que não poderia alterar o que já passou, ela ainda não sabia porque precisara mudar, mas mudara. Sabia-se apenas que seu riso ficara congelado no passado ali dentro do carro dele. Voltou a si, não sabia quando começara a chorar, porém agora as lágrimas não tinham fim. Queria gritar, mas perdera a voz, ela se perdera. Desligou o rádio que tocava a música de nós dois, mas as lágrimas ainda teimavam em descer, não a deixavam pensar com clareza. E para esquecer ela se escondeu onde ninguém poderia encontrá-la nem ela mesma, no país dos sonhos. Dormia profundamente, agora. Amanhã nem se lembraria do que fora o hoje, mas a música, a música de nós dois ainda existia.

domingo, 3 de abril de 2011

Não preciso me mostrar'


Não preciso me mostrar para dizer quem sou.
O que os meus olhos transmitem já são o suficiente.
Eles passam a ti o que tu precisas saber, o bastante.
A mensagem que passo através deles mostra-te toda uma vida.
E, se tu olhares para trás verás todas as minhas pegadas na areia, nunca parei no meio do caminho.
Estou sempre seguindo rente, em frente, levando e tirando de minha trilha tudo que me afeta, me desata, me consterna, me abala.
Sou o que tu vês, não preciso falar de mim, não preciso me divulgar.
Não avanço o sinal, paro, espero, e ainda reflito, todo o caminho precisa de reflexão, nunca paro na contramão, acelero depois.
Acompanhe-me, se puder.
Sou o que sou, apenas sou, não deixo de sê-lo.
E meus ideais são o bastante para mim, sei o que é bom, por isso dou sempre o meu melhor.
Mas não preciso falar de mim para tu saberes quem sou, se quiseres saber sobre mim vem comigo na minha estrada que tu entenderás todo o meu conceito, lerás comigo o livro da minha vida, se possível, saberás mais de mim do que eu sei. Mas para isso acontecer precisas me acompanhar, meu caminho é longo e irei precisar de companhia, mas não sairás de minha boca uma palavra, um sussurro, uma exclamação sobre a minha pessoa, todavia tu irás entender quem sou. Saberás, então, que sou apenas um pássaro livre, a brisa que vem do oceano, a chuva que cai, o rio que encontra o mar, a água que agora mata a tua sede, essa sou eu, entretanto de mim não ouvirás uma palavra, um sussurro, uma exclamação sobre a minha pessoa.
Porque não preciso me mostrar para dizer quem sou.
O que os meus olhos transmitem já são o suficiente.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Radiantes*


E a felicidade está estampada em meus olhos agora, estão radiantes.
E brilham tanto que nada ofusca-os, nem mesmo o brilho do sol.
E meus olhos sorriem para ti mesmo que a distância nos separe, é como se de lá onde estiveres tu possas ver o brilho que perpassa deles, brilho em forma de esperança.
E meus olhos nada te escondem, são verdadeiros a ti e as promessas que eles te fazem são eternas,
Porque meus olhos não mentem.
E quando nossos olhos se encontram, os meus deixam de olharem-te, ficam sem jeito e sorriem de modo a desculpar-se,
Mas tu enquanto os olhastes viu, com sinceridade, o amor que transborda deles.
E é por isso que a felicidade está estampada em meus olhos agora, estão radiantes.