Seus ternos olhos de uma senhora de seus 86 anos ainda estavam vívidos e brilhantes. Estava agora sentada na varanda de sua casa em sua valiosa cadeira de balanço. Ah, fora ali que aprendera a fazer o seu primeiro bordado e que dera pela primeira vez mama ao seu primogênito, todavia agora o seu velho assento a arrancava da realidade e fazia-lhe devanear com seu doce embalo. Cada seqüência uma esperança de voltar no tempo, de reviver tudo que vivera com intensidade.
Rememorava agora o primeiro beijo que recebera de seu falecido esposo e único amor, beijo esse que fora-lhe roubado na tentativa de ser correspondido no que dizia-se respeito aos seus sentimentos. Em seguida ao beijo veio o casamento e logo depois os seus preciosos filhos que os fizeram tão felizes. Eram três, dois homens e uma mulher, a caçula. Chamavam-se João, Miguel e Laura, que, respectivamente, seguiram carreira de médico, advogado e pedagoga. Eram demasiadamente afetuosos e somente davam orgulho aos seus pais. E o balanço de sua cadeira lhe evocava os risos e gritos pela casa que agora estava silenciosa e absurdamente sombria sem eles. Contudo o seu vagar também lhe trouxe os dias que cada um foi-se embora em busca de seus respectivos destinos deixando para trás o vazio na casa e no peito de ambos, dela e dele, seu marido. O riso morrera. O tempo passava devagar e ela teimava sempre em olhar pela janela na esperança de vê-los voltar, mas o tempo passou e eles não regressaram. E o balançar de seu assento a transportava para momentos tristes e felizes, arrancando lágrimas daqueles olhos sábios que com seu lenço de renda as enxugava. O momento mais triste de sua vida minou em forma de lembranças. Lembrou-se do último abraço, do último sorriso, do último beijo, do último adeus. Ele se fora, o seu grande amor, seu companheiro, seu amante, seu amigo, seu marido. Fora abandonada por todos que mais amara e perdera a esperança de olhar pela janela. Porém hoje era um grande dia, deixara de olhar pela janela para ir de encontro à porta para receber seus filhos não mais na idade da inocência. E o riso e os gritos voltaram, contudo o sorriso era aquele meio apagado pela falta de um pai e marido e todos procuravam nada falar. Agora tinham as crianças, seus netos. Nesse momento eles disputavam para ver quem seria o primeiro a sentar-se na cadeira da Vovó Isaura. André por ser o mais velho, por isso o mais esperto, fora o primeiro a se balançar. Ele se balançava efusivamente na sua cadeira. – Criança vá devagar que o tempo não se demora e as lembranças irão defrontar a ti. Então com um sorriso bondoso afagou-lhe a cabeça. Sabia que eles seriam felizes e ela não estaria ali para poder observá-los crescer, mas eles teriam a sua inestimável cadeira, esse momento e muitos outros para recordarem. Então saíra da varanda e agora entrava em casa. – Venham meninos que o tempo está muito frio ai fora. Todos entraram. Ela não viu, mas a cadeira continuou a balançar e assim ficou por toda a noite.Todos estavam em casa, mais uma vez.
Rememorava agora o primeiro beijo que recebera de seu falecido esposo e único amor, beijo esse que fora-lhe roubado na tentativa de ser correspondido no que dizia-se respeito aos seus sentimentos. Em seguida ao beijo veio o casamento e logo depois os seus preciosos filhos que os fizeram tão felizes. Eram três, dois homens e uma mulher, a caçula. Chamavam-se João, Miguel e Laura, que, respectivamente, seguiram carreira de médico, advogado e pedagoga. Eram demasiadamente afetuosos e somente davam orgulho aos seus pais. E o balanço de sua cadeira lhe evocava os risos e gritos pela casa que agora estava silenciosa e absurdamente sombria sem eles. Contudo o seu vagar também lhe trouxe os dias que cada um foi-se embora em busca de seus respectivos destinos deixando para trás o vazio na casa e no peito de ambos, dela e dele, seu marido. O riso morrera. O tempo passava devagar e ela teimava sempre em olhar pela janela na esperança de vê-los voltar, mas o tempo passou e eles não regressaram. E o balançar de seu assento a transportava para momentos tristes e felizes, arrancando lágrimas daqueles olhos sábios que com seu lenço de renda as enxugava. O momento mais triste de sua vida minou em forma de lembranças. Lembrou-se do último abraço, do último sorriso, do último beijo, do último adeus. Ele se fora, o seu grande amor, seu companheiro, seu amante, seu amigo, seu marido. Fora abandonada por todos que mais amara e perdera a esperança de olhar pela janela. Porém hoje era um grande dia, deixara de olhar pela janela para ir de encontro à porta para receber seus filhos não mais na idade da inocência. E o riso e os gritos voltaram, contudo o sorriso era aquele meio apagado pela falta de um pai e marido e todos procuravam nada falar. Agora tinham as crianças, seus netos. Nesse momento eles disputavam para ver quem seria o primeiro a sentar-se na cadeira da Vovó Isaura. André por ser o mais velho, por isso o mais esperto, fora o primeiro a se balançar. Ele se balançava efusivamente na sua cadeira. – Criança vá devagar que o tempo não se demora e as lembranças irão defrontar a ti. Então com um sorriso bondoso afagou-lhe a cabeça. Sabia que eles seriam felizes e ela não estaria ali para poder observá-los crescer, mas eles teriam a sua inestimável cadeira, esse momento e muitos outros para recordarem. Então saíra da varanda e agora entrava em casa. – Venham meninos que o tempo está muito frio ai fora. Todos entraram. Ela não viu, mas a cadeira continuou a balançar e assim ficou por toda a noite.Todos estavam em casa, mais uma vez.
Que texto maravilhoso!
ResponderExcluirÉ tocante ver a passagem do tempo aos olhos de uma velha senhora. E também triste em certos momentos...
A solidão dá medo. Ficar vivendo do passado... Desejo coisa melhor para meus avós, meus pais e para mim mesmo no futuro.
Isso foi muito comovente.
que ótimo texto..
ResponderExcluirvc já sabe né..
adoro seus textos..
abraços..
Bonito texto!
ResponderExcluirO Brasil precisa de contos como esse para mostrar ao homem que ele é ser humano.
__________________________________
http://alteregodonuti.blogspot.com/
MUITO BOM MESMO ESSE SEU TEXTO. ELE É DE UMA PROFUNDIDADE ENORME.AS LINHAS DE TEMPO SERVEM PARA ISSO MESMO: NOS LEMBRAR DO PASSADO E CONECTAR ELE AO NOSSO PRESENTE. MUITO BOM.
ResponderExcluirhttp://thebigdogtales.blogspot.com/
Hey, belo post!!! Mesmo, mesmo, pude sentir a lembrança no meu peito!!!
ResponderExcluirotimo texto parabens
ResponderExcluirse possivel visite meu blog
www.semente-terra.blogspot.com
Belíssimo texto. Isso é muita sensibilidade. Parabéns!
ResponderExcluirwww.amoreacalanto.blogspot.com
Lindo texto, te encontrei na com do orkut. Amei, já me tornei seguidora.
ResponderExcluirSe quiser dá uma olhadiinha
http://mixbabados.blogspot.com/
bjs
ótimo texto... Parabéns pelo blog estarei sempre aqui!!!
ResponderExcluirolá querida..
ResponderExcluirobrigada pelos elogios..
fico lisojeada..
você sabe que sou sua fã não é mesmo?
receber elogios de bons escritores como você me inspira a continuar..
Que bom que notou amadurecimento em meus textos, tenho praticadao bastante..acho que isso ajuda..
abraços..
e você sabe sempre estou por aqui, ansiosa por seus novos textos..
Este conto é ótimo, muito emocionante, pois lembramos de nossa avó e de fatos semelhantes.
ResponderExcluirEsse texto é um verdadeiro arco-íris de sentimentos va-seriados,solidão,dor,saudades,principalmente quando morre alguem que amamos muito como o marido dessa senhora.Há um filme um pouco parecido com essa história chana-se Diario de uma Paixão.É im filme lindo,só que um pouco diferente,a esposa perde a memoria no asilo então o companheiro recorada num diario deles sobre o primeiro encontro,namoro,casamento até que ela se recorda e esquece novamente e ele começa tudo de novo.Bjs tudo de bom pra Voce!!!
ResponderExcluirsimplesmente lindo!!!!
ResponderExcluir