As Palavras*

E as palavras fugiram.

Ana procurava-as e não as encontrava, estava vazia, profundamente.

De acordo com a sua sábia avó

As palavras estavam trancafiadas dentro de si esperando o momento apropriado parem serem ditas ou escritas para quem quisesse lê-las ou ouvi-las, e assim rejubilar-se com seu significado.

Então Ana por fim entendeu que palavras não são apenas palavras, são sentimentos que saem de dentro e tornam-se arte quando evidenciados, são poesia, não são meros pensamentos.

E assim ela subui um degrau de conhecimento quando por fim escreveu ao relento.

Sim, há aqueles que falam com advertência, com carinho e afetação

São os humanos em suas fraquezas e incertezas.

Elas, as palavras, em qualquer forma são improváveis, assim como amar, apaixonar-se, sonhar.

Então entende-se que sábios são aqueles falam, que expressam, que se envolvem com a inspiração de sussurrar, segredar o que se sente.

Então tu te tornas o que escreves, transforma-se em versos com rimas, desfolha-se diante de quem ler, de quem ouve-te.

E assim as lapida e elas tornam intenso o que há de bonito no coração, no âmago.

Sim, nem no fenecimento elas deixam de existir.

Quando no silêncio, àquele eterno, as palavras ecoam o último verso da vida, sem rima,

...o adeus, o eterno.