Ela não sabia se olhava para a cidade ou para o seu interior
Porquanto ele estava seco, não havia vegetação, uma água
sequer, uma gota sequer
E a cisterna era profunda, tão profunda, que podia ver as
rachaduras
Nas quais nascia uma flor, sim, uma flor amarela solitária
A viu e a esperança ressurgiu
A partir daquele dia, ela ia molhá-la com um pouco d’água em
todas as tardes
Tinha sede, mas dividia
Tinha fome, mas de companhia
Mas um dia a água secou, nada tinha, uma água sequer, uma gota
sequer, tanque cavo
Mas ainda assim ela foi
Foi de copo vazio, de sorriso fastio e tamanho pesar
E o sol a brilhar, tão cálido, tão quente, a queimar-lhe, queimava-lhe as
pétalas
Até não restar uma pétala sequer
Então, a flor pereceu
E a sua espera, esperança
Ah, Ela não sabia se olhava para a cidade ou para o seu
interior
Mas o seu interior estava vazio e com pesar ela partiu
Sem olhar ao menos para trás
Sim, a cidade trazia esperança, de chuva, de umidade, de
toró toda a tarde
Contudo ela, eterna criança, permanecia nas terras quentes
do sertão
A orar;
Vivia em oração!
E no seu coração ela escolheu: Disse sim ao Interior
Aquele seu, só seu, de cisternas cheias e dias cálidos.
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