Ela caminhava sem prestar atenção ao seu redor, por isso não o viu vindo em sua direção e tamanha foi a sua surpresa quando por fim o avistou. Ela não pôde conter o sorriso que brotou em seus lábios. A sua alegria foi imensurável, pois sonhava em vê-lo nem que fosse pela última vez. Há tanto tempo que ela não o via, seu coração acelerou, sua boca secou, e não soube concentrar-se em ficar calma. Só concentrava-se nele que vinha a sua frente e a cada passo que davam, mais próximos eles estavam. Os passos dele eram lentos, passos seguros, em sua imponência. Era alto e grande, parecia ocupar todo o espaço. O mundo era somente dele, era somente ele. Seu sorriso derretia icebergs, era cálido.
Quando estavam tão próximos que quase podiam tocar-se, ele falou:
- Oi – Também estava surpreso não esperava encontrá-la ali. O tempo tinha feito deles duros pela conseqüências de suas existências, pelos passos dados, pela corrida frenética da vida.
Ela não sabia o que falar, sua boca secou. Eles ficaram parados a olharem-se, estáticos. Ela tinha medo de respirar e ele ouvir a batidas de seu coração. Quem era ela naquele momento? E quem seria ele? Já havia tanto tempo.
Ela, simplesmente, respondeu:
- Como vai, Eduard?
Ele com aquele sorriso zombeteiro disse com toda a calma que ainda lhe restava, não imaginava que ela ainda poderia lhe afetar daquela forma.
- Muito bem, e você? O que faz por aqui? Está viajando a trabalho, Hanna?
Ela era magra e alta, tinha os atributos de uma modelo. Cabelos longos que chegavam a cintura, lisos. Mas a sua beleza não chamava a atenção como a sua doçura, para ele, era a pessoa mais doce que conhecera. E que jamais pudera esquecer, e só pôde ter essa certeza agora. Fora duro o que ele precisara fazer, a abandonara uma dia antes do casamento de ambos. Ainda podia vê-la chorar e perguntar-lhe por que fazia aquilo com ela, que ela não merecia. “- Onde está todo o seu amor por mim? Como pôde me enganar desse jeito?”. As suas palavras ainda ecoavam em sua mente, lembrando o quão canalha havia sido com ela. O quão fora longe com a sua vingança. Mas agora não havia como voltar no tempo, não havia como trazer de volta a sua felicidade, porque ele a perdeu quando ela se foi levando consigo o seu coração. Agora era amargo. Nem mesmo ele conseguia suportar a si mesmo, tornara-se uma outra pessoa, mas ele fez o que devia fazer. Quase não ouvira a sua resposta tão perdido em pensamentos estava.
- Comigo tudo bem, Eduard. Estou aqui a viajem de trabalho, sim. Não imaginava que encontrava-se aqui.
Ela não conseguia ficar mais ali, respirar o ar que ele respirava. Então, finalmente, pôde dizer.
- Tenho que ir. Adeus, Eduard.
E, assim, ela retomou os seus passos. A vontade dele era correr atrás dela, enchê-la de beijos e pedir o seu perdão, mas sabia que jamais poderia receber o seu perdão. Sabia que o seu destino era a solidão eterna. Uma dia sonhara com filhos, um lar estável, uma esposa que o esperasse todas as noites com um sorriso cativante, e cães. E, hoje ele tinha somente a ele mesmo, mais ninguém.
E, quanto mais longe ela andava, mais seus passos a levava para longe dele. A vingança que ele levara até o fim acabou com a vida de ambos. Ela não conseguia mais ser feliz. Não podia mais amar e confiar, porque foi a ele que ela entregara o seu coração, corpo e alma. Não havia volta. Ela nunca iria perdoá-lo.
E, assim, ele seguiu o seu caminho e ela o dela. Os dois voltaram as suas rotinas, e tentaram esquecer aquele encontro, como se fosse possível. E, mais um dia de amargura para ambos se passou., e mais uma tarde, mais uma noite. E mais um vácuo, que era o coração deles.