sábado, 13 de agosto de 2011

A história de Andy* - II

Andy fora socorrida por paramédicos de plantão e levada a emergência.  Enxergava somente a escuridão, seus olhos estavam borrados por uma grande mancha preta que ofuscava a sua visão. Seu corpo esguio foi jogado em uma maca e levado as pressas para uma ala qualquer, podia reconhecer agora algumas vozes preocupadas que falavam de uma forma ininteligível, indecifrável, mas as vozes foram desaparecendo aos poucos.
  Fez menção de levantar, todavia sentiu braços fortes segurando-a, desviando-a de seu intento. Aos poucos fora recuperando a visão perdida e após alguns minutos que pareceram eternos uma enfermeira sorridente tirou-lhe a pressão que estava baixa e verificou os seus batimentos cardíacos, então receitou-lhe um remédio e ela foi liberada. Saiu da sala sendo praticamente carregada por seu irmão que há pouco havia chegado e que não tivera coragem de olhar-lhe nos olhos, tentou ler o que se passava no rosto dele, mas neste instante uma máscara intransponível cobria-o, ela suspirou ressentida. Ainda sentia-se tonta, desorientada e não queria ouvir o que seus parentes tinham para dizer-lhe. Se seu Pai tivesse ali veria olhos de um azul intenso nublado pela preocupação, todavia eram aqueles mesmos olhos que davam-lhe força como se dizendo “Força mocinha seu Pai está aqui” e ela como a entender o recado sorria, sempre fora assim e será que continuaria sendo? Queria seu Pai, seu Papai, por que ninguém lhe falava o que estava acontecendo? Queria chorar, sentia seus olhos densos pelas lágrimas. Chegaram em uma sala ampla que estava lotada naquele momento. Havia muitas famílias reunidas ali e para todo lado que olhava via rostos pálidos, tristes e desacreditados. Próxima a recepção estava a sua família com semblantes pesarosos ocultos pela dor. O primeiro abraço que recebera foi da sua mãe – Minha querida como você está, sente-se melhor? Mas não era isso que ela queria ouvir queria saber do seu Pai. Mais abraços. Sua madrasta encerrou aquele momento com um sorriso triste, nesse momento só pode sentir compaixão dela e não fez-se necessário o uso de palavras para que ela soubesse o que havia acontecido, na verdade o seu coração sempre soubera. Perdera o chão, perdeu-se nas lágrimas que escorriam pelo seu rosto sem nenhuma barreira, desciam livres. Sentou-se no chão frio do hospital e ficou em posição fetal por longo tempo, balançado-se ora pra frente ora pra trás. “Meu Pai não, mãe, por favor, não”, repetiu essa frase infinitas vezes. Naquele momento não tinha ninguém para consolá-la, pois todos que estavam ali também precisavam de consolo, receber um abraço, serem amparados, ouvirem palavras otimistas, mas essa ação sempre era oriunda do seu Pai, ele sempre foi o mais forte, entretanto agora ele não estava mais ali e sentiu-se profundamente só. A solidão envolveu-a como um laço e nesse momento sentiu-se abraçada, a solidão também podia ser cálida e quente como o sol. E a vida tornou-se menos bonita, não tinha o mesmo sentido e a realidade pesou-lhe as costas; perdera seu Pai para sempre, seu maior herói, a pessoa que mais acreditava nela. Levantou-se de repente, saiu do hospital e andou desnorteada pelas ruas frias buscando a quietude que seu coração precisava, quem sabe não encontrasse seu Pai naquela padaria que eles tanto gostavam tomando cappuccino acompanhado pelo famoso pão de queijo e sorrindo como se o tivessem pegado no flagra. 
Continua...

Um comentário:

  1. nossa, que história triste! anciosa para ler o resto! Seguindo
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