E a noite silencia*

Olhos perdidos que buscam os teus no silêncio da noite que se prolonga.

Deitados na cama,

mãos nas mãos que abraçam-se,

dedos nos dedos que entrelaçam-se,

toques vagos.

Perdidos em palavras que não queriam dizer,

dores essas que não queriam repartir.

Sonhos que eternizaram apenas na mente de quem sonhava.

Quiçá a vida fosse bela,

a estrada fosse sincera,

 os olhos não cerrassem durante a noite

e no outro dia despertassem para jamais acordar.

Ah, doce menina, se pudesse te falar, falar-te-ia:

 “Enquanto tu dormes

é o momentos que estás viva,

 são  nesses instantes que as suas fantasias criam asas e voam,

somente nesses.”

Apenas não te surpreenda.

E os olhos ainda perdidos os teus procuravam,

mas eram as tuas mãos que se repartiam e se alcançavam,

ambos vivendo do silêncio que os acometia

cada um sofrendo com a sua ira.

Logo a noite tornou-se criança,

 sua penumbra tornou-se ainda mais densa,

os bocejos mais intensos e

de repente tornaram-se vivos; repousavam.