terça-feira, 8 de novembro de 2011

Eagle*


Quando era pequena, mas pequenina mesmo, queria ter uma águia e a tive, podem acreditar, pregada em meus braços.
Sempre a via longe, muito longe, voando sempre alto, cada vez mais alto, e meus olhos sempre perdiam-se na sua direção. Penas preciosas que cintilavam instigantes como estrelas, e era estrela, brilhando lá do alto, do alto da montanha. O seu canto me encantava mais do que qualquer cantoria, quando ouvia-a rodopiava e bailava no quintal da minha casa, meu castelo. Nesses momentos sentia-me a voar, a voar consigo doce águia e as minhas tardes tornavam-se mais belas. 
No entanto, em um belo dia ao chegar da escola não te vejo no céu distante, tão perto de mim, e meus olhos procuram-te em toda direção. Ouço, então, sons de tiro e por fim meus olhos encontram-te; vejo-te sobrevoar sobre mim e cair em meus braços, abraçando-me. Ah, doce águia de penas dantes brilhantes agora ofuscadas por sangue, o seu sangue, a brotar cada vez mais rápido, tirando-lhe a vida.
 – Não morras, por favor. 
Sinto meus olhos marejarem, meu sonho morrendo em minhas mãos.
 – Mãe, mãe, me ajuda, salva a Eagle, minha preciosa Eagle. 
Todavia nada pôde-se fazer por ela. Eagle agora está voando ainda mais alto.
Hoje numa tarde como as outras, estou aqui ajoelhada onde enterrei-te doce águia, minha doce eagle, e pensando em ti ainda ouço o teu canto e rodopiando vôo junto contigo; para o infinito.




Homenagem ao meu Pai que faleceu em 02 de julho. Pensando em ti, Pai, vôo contigo; para o infinito.

6 comentários:

  1. Bom ver que a inspiração ainda flui
    David

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  2. Lindo seu modo de expor sentimentos. Tem uma coisa meio lírica, que faz a gente se emocionar.
    Parabéns, de verdade!

    http://resenhandomm.blogspot.com/

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  3. Eu interpretei essa águia como sonhos que carregamos conosco desde muito tempo e por alguma razão que muitos desconhecemos, morrem, acabam, ou simplesmente são alcançados e dão lugares a outros.

    Abraço!!

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  4. Essa águia é capaz de nos levar às alturas, de nos fazer tão fortes, que nos julgamos capazes de voar. Mesmo distante, está sempre olhando por nós lá de cima, de seu voo gracioso e nos protegendo.

    Adorei a metáfora.

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