sábado, 19 de março de 2011

Ela a pentear seu longo cabelo, vagando*


E, ela estava sentada diante de um enorme espelho a pentear seu longo cabelo, contudo quem passasse por ela nunca iria imaginar como ela estava perdida em pensamentos.
Ultimamente ela andava muito agitada, somente a pensar. Estava contando sempre as horas, minutos, segundos. Nunca olhara tanto o relógio como agora, era como se fosse uma oração, seu coração estava palpitante
Mas ela estava ali a pentear seu longo cabelo sempre perdida em devaneios, pensando no momento que ela esperara desde o dia que o vira, o dia que aprendera a corar, sentir seu rosto febril. Iria casar-se, mas ele ainda não sabia, Ela só sabia que precisava conquistá-lo, porque senão iria perdê-lo para sempre, e sem ele não haveria mais vida pra ela – “ele não podia casar-se com outra pessoa que não fosses ela”.
DEZEMBRO, 1845.
Ela ainda lembrava-se do primeiro dia que o havia visto, estava como agora, perdida em pensamentos, mas assim que o viu, deixou-se levar pela sua magnitude.
Imponente em demasia era ele, tão alto que parecia tomar todo o espaço, todo o ar .Qualquer um ao seu lado tornava-se mero mortal. Não sabia o que se passava em seus olhos, mas ele era toda a segurança, ele sabia de todo o seu encanto, magnetismo.
Tinha olhos doces e ao mesmo tempo amargos, era forte e respeitado, todos sentíam-se inseguros na sua presença.
E foi assim que se apaixonara desde então e nunca fora retribuída. Hoje ela tinha certeza que ele nem sabia de sua existência, nunca a notara. Já o encontrara em muitos bailes, mas  ele nem sequer fazia reverência ao vê-la, era como se a repudiasse por mais que ela tentasse se aproximar. Mas seu amor por ele era como a lua, partia e voltava todas as noites, e fora assim com ela, seu amor por ele ia e voltava sempre que o via, mas isso foi há algum tempo atrás. Hoje ela nem sabia o que era ir, porque seu amor por ele ficou enraizado profundamente em seu coração. Isso já faz quatro anos. Quando o vira pela primeira vez tinha dezoito anos, agora com seus vinte e dois anos via-se através do espelho como uma mulher. Aquele olhar de menina ainda persistia, mas agora tinha um novo brilho, passara a ser mulher, uma mulher louca para conhecer as trilhas da paixão ao lado do homem que amava e ainda ama. E, a sua beleza de menina tornara-se ainda mais instigante em corpo de mulher. Por onde passava atraía todos os olhares, menos o dele, que nunca a alcançava. Mas seu olhar sempre o encontrava e desejava. E, como ela desejava sentir-se abraçada por aqueles braços fortes e sentir-se protegida por eles. Como queria ser amada por ele e sentir o doce sabor de ouvir seu nome sendo pronunciado com o adicional do nome dele – Caroline Richer. Como queria, como o queria. Mas ela sentia que seu intento estava próximo, ela veria naqueles belos olhos todo o amor que ele sentiria por ela, e estava próximo, ela podia até sentir o seu aroma a acariciá-la, o doce de sua boca, suas mãos calejadas tocando sua pele com extremo carinho. Era sonho pra ela, mas que em breve iria realizar-se. Ela podia até mesmo ouvir os sinos da igreja anunciando a sua chegada e ele no altar a esperá-la. Sentir-se-ia vitoriosa, teria seu grande amor ao seu lado, seria pra sempre dela e ela dele.
Mas ela estava agora ali a pentear seus longos cabelos perdida devaneando, soubera há pouco da notícia que ele iria casar-se, e só de pensar que ele era beijado por outra que não ela, sentia-se nauseada, sofria ao pensar que ele nunca será conhecedor de seus beijos. Ele irá casar-se, será feliz? Feliz sem ela? Só de pensar em perdê-lo sentia que a vida esvaía-se dela, estava morrendo, morrendo após a notícia que recebera.  Apesar de ele nunca retribuir de seus anseios ela tinha esperança, ela via a sua rejeição como o amor que ele guardava por ela, e tentava esconder agindo dessa forma, mas como ela estava errada. A sua idade seria um problema para ele? Ele tinha, agora, seus trinta e seis anos, quatorze mais do que ela. E ela tinha vívida em sua mente o dia que fora comemorado a sua festa de aniversário, toda a sua família fora convidada, e ela estava lá usando o seu melhor vestido de baile, com seus longos cabelos envolto por cetim em uma bela trança. Mas ele nem a notara, ela ainda lembrava-se como se sentira excluída onde havia tantos risos, rejeitara todos os pedidos para a dança, não se sentia bem recebida ali. Agora uma lágrima despontava de seu olhos, dedicara quatro anos de sua vida para ele e recebera somente rejeição, entretanto agora que sabia que não iria casar-se com ele e que o seu coração pertencia a outra iria voltar a sua rotina, rotina essa que deixara para trás há quatro anos. Então pegou seu casaco para matar-lhe o frio que estava muito forte lá fora e adentrou-se pelo bosque, caminhou sem saber pra onde ia, seus olhos nada viam, até que parou ao sentir-se olhada, quando virou-se deparou com ele muito próximo a olhá-la, todavia ela continuou a andar não deixou-se sentir-se envolvida por ele, sentir-se rejeitada mais uma vez. Então algo inusitado ocorreu, ele falou com ela:
- Soube através de seu pai que você ainda não havia dado a resposta a minha proposta de casamento.
Ela sentiu-se titubear, estava ouvindo coisas, soubera, sim, que ele iria se casar, mas com outra pessoa e não com ela.
E, ela não conseguiu sussurrar uma palavra, ficaram presas em sua garganta. Então, ele chegou perto dela, e tocou-lhe pela primeira vez após quatro anos de amor não correspondido, e ela sentiu todos os pelos de seu corpo eriçar.
- Sei que você está nervosa com a minha proposta Caroline e pode não acreditar, pois até mesmo eu não estou acreditando no pedido que fiz a seu pai, contudo agora que tu estás com idade mais avançada não vejo mal em nos casarmos. Sei que tu tens gênio difícil e talvez tenha sido por ele que tu tenhas roubado o meu coração. Saibas que nada mais apetece os meus olhos do que eles verem-te. Fiz de tudo pra fazer-me encontrado por ti, até fiz o que nunca faria antes, fiz um baile de meu aniversário somente para ver-te passear pela minha casa para saber como tu irias se portar estando em seu futuro lar, e, confesso, Caroline, gostei demais do que vi. Vi você e eu lá, e, futuramente, partes de nosso ser, nossos filhos. Diga que sim a minha proposta Caroline e prometo-lhe que te farei demasiadamente feliz, porque eu nem mais sei o que é felicidade sem você.
E, ela pela primeira vez o vira nervoso, e agora tudo fazia-se claro em sua mente. Quando seu amado pai viera falar-lhe e disse-lhe que o seu honrado cavalheiro, dono de seu coração, iria casar-se ela saíra correndo, não esperara que seu pai terminasse o que tinha para falar-lhe e o seu sofrimento ofuscou o que deveria ter visto, os alegres olhos de seu pai. E, seu pai tentara em vão falar com ela, ela havia se prendido em seu quarto, deixando-se, somente, olhar através do espelho de sua penteadeira, vagando em pensamentos.
E agora estava ela, ali, nos braços dele, dono de seu coração. Esperara tanto por aquele momento que era difícil acreditar que tivesse realmente acontecendo. Ela seria dele e ele dela, conforme sempre intentara. Só sentia sua lágrimas descendo sem parar e o coração dele batendo tão forte e alto como o dela.
E ela dissera, por fim, para ele tudo o que carregara no coração durante esses longos quatros anos de espera por esse dia que por fim chegara, finalmente o amor seria seu lar. E, então, eles selaram o amor que seria eterno para eles com um longo beijo de amor, evidenciando para eles o que os esperavam até o último dia de suas vidas, muito amor, paixão, respeito e comprometimento um com o outro.

Um comentário:

  1. J.Sampaio
    Seus textos e poesias emitem um calor especial,que faz o coração pulsar(tremular)a cada palavra exposta!
    Quando estiver com tempo livre visite o meu blog(em conjunto com outros amigos escritores).

    http://cuspidores.blogspot.com/

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